Algumas pessoas parecem ser imunes ao vírus Sars-Cov-2, o agente etiológico causador da Covid-19. Intrigados, alguns pesquisadores resolveram investigar os motivos e os mecanismos pelos quais isso acontece.
As respostas imunes alteradas à infecção por SARS-CoV-2 estão na base de desfechos mais graves e fatais da doença.
As respostas de interferon tipo I prejudicadas, diminuição de subgrupos de células T e monócitos circulantes e o aumento da expansão clonal de células T e células B5 associaram-se a aos casos mais intensos e de alta morbidade por exemplo.
Um estudo, o primeiro envolvendo infecção humana controlada de Covid-19, foi realizado em um ambiente hospitalar com a participação de 36 voluntários que ficaram isolados e foram acompanhados rigorosamente através de exames laboratoriais de sangue e material da mucosa nasal coletados periodicamente durante a pesquisa.
Os 36 participantes tinham boa saúde e nunca contrairam Covid-19 e nem sequer foram vacinados contra a doença. Todos foram infectados com a cepa mais selvagem, a pré alfa. O resultado foi publicado na Revista Nature Medicine. Através dele foi possível detalhar uma linha do tempo, a mais completa relacionada à infecção já feita até agora.
A resposta imunológica de pacientes infectados com o Sars-Cov-2 depende de diversos fatores que característizam a infecção, entre eles, a carga viral, a cepa e o tempo decorrido desde a exposição, juntamente com variáveis clínicas, incluindo comorbidades, padrão de tratamento e imunidade preexistente. Isso influencia sobremaneira a análise dos dados relacionados a pesquisas sobre a resposta imune ao vírus.
O estudo realizado indicou evidências de que as pessoas que parecem ser imunes à doença apresentaram elevada atividade em um gene que pode ser o responsável por sinalizar ao sistema imunológico a presença do vírus, fazendo com que o mesmo fosse rapidamente eliminado, o que ocasionou que uma resposta imune com as reações inflamatórias típicas da doença não fossem desencadeadas.
Um complexo do sistema imunológico conhecido como HLA é o local onde os genes HLA-DQA2 foram encontrados. Eles ajudam o organismo a identificar as proteínas patogênicas dos vírus e as pessoas que apresentam uma mutação comum no HLA contenndo os genes reagem como se o sistema imunológico já conhecesse os vírus mesmo sem terem tido nenhuma exposição anterior a eles.
Essa condição específica proporciona que os seus portadores nem cheguem a desenvolver sinais e sintomas da doença. Outras respostas também foram verificadas como a ativação imediata de células imunológicas de mucosa e uma menor atividade de determinadas células envolvidas na reação inflamatória.
As respostas celulares altamente dinâmicas observadas indicaram que a atividade do interferon no sangue precedeu à resposta das células ciliadas do epitélio nasofaríngeo. Células T e macrófagos foram contaminados de forma não produtiva.
A COVID-19 é uma doença grave, potencialmente fatal causada pelo Coronavírus 2 da Síndrome Respiratória Aguda Grave que desencadeou uma das maiores emergencias globais em saúde publica mais recentemente registradas.
O estudo foi resultado de esforços de uma força-tarefa do governo do Reino Unido, do Imperial College London, da Royal Free London NHS Foundation Trust, da University College London e hVIVO.
Bibliografia
LINDEBOOM, R.G.H., WORLOCK, K.B., DRATVA, L.M. et al. Human SARS-CoV-2 challenge uncovers local and systemic response dynamics. Nature (2024). https://doi.org/10.1038/s41586-024-07575-x
LOBATO, isabela. Cientistas explicam por que algumas pessoas não contraem covid-19. Super Interessante – saúde [S.i]. Grupo Abril. São Paulo, 2024. Disponível em: https://super.abril.com.br/saude/cientistas-explicam-por-que-algumas-pessoas-nao-contraem-covid-19/. Acesso em: 21/06/2024 às 9:30 h.
Coronavírus – Foto de CDC – Pexels. Disponível em: Imagem da Capa
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