Os incêndios florestais no Brasil em 2024 extrapolaram todos os índices já registrados nos últimos 15 anos. As terras indígenas foram extremamente afetadas.
Uma catástrofe gigantesca para as nossas florestas, um GOLPE tremendo na nossa biodiversidade. Perdas irreparáveis aconteceram. As regiões mais atingidas foram a amazônia e o pantanal.
Por causa dos incêndios, a amazônia se tornou a maior emissora de gases de efeito estufa do mundo.
Na amazônia uma situação totalmente atípica veio agravar mais ainda o enorme desastre. A perda de um estrato da floresta, que geralmente não deveria pegar fogo por ser normalmente muito úmido.
Esta vegetação cresce e prospera abaixo do dossel, o “teto” da floresta, composto por espécies mais altas.
Trata-se do sub bosque, formado por árvores menores e por uma grande quantidade de mudas e plantas jovens, que crescem com o tempo, permitindo o prosperar da floresta, perpetuando sua existência, substituindo as perdas que ocorrem naturalmente. concorrendo para o equilíbrio ecológico.
Essa comunidade arbórea, converge assim, para a formação da chamada FLORESTA DO FUTURO, concorrendo para o equilíbrio ecológico da região. Isso, se não fosse destruida pelas chamas com estupenda intensidade em 2024.
A constatação da perda da floresta do futuro faz parte do relatório que integra a NOTA TÉCNICA “Queimadas em Terras Indígenas” do Instituto Sócio Ambiental – ISA divulgada em 01/11.
Os incêndios que ocorrem no sub bosque colocam a floresta em risco afetando sua capacidade de reciclar água, renovar o solo e armazenar carbono, funções essenciais para a saúde do ecossistema. A floresta fica menos úmida e mais suscetível a novas queimadas. Isso termina por ampliar ainda mais os efeitos das mudanças climáticas já atuantes.
O evento de seca intensa, em função do fenômeno do El Nin̈o prolongado, agravou a questão do fogo, embora outros fatores também tenham sido preponderantes na intensidade e no descontrole das ocorrências.
Em destaque, a falta de previsibilidade, planejamento e ações preventivas por parte do Governo Federal diante dos alertas que foram feitos às autoridades centrais desde o início do ano. Uma descomunal negligência e inércia segundo alguns especialistas.
Segundo o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia – IPAM – os incêndios na amazônia em 2024 destruíram uma área 10 vezes maior do que o desmatamento ocorrido no mesmo período.
Os incêndios arrasaram 27,6 milhões de hectares em todo o Brasil em 2024, 55% ocorreu nas diversas feições do bioma amazônia, com cerca de 15 milhões de hectares destruídos. A floresta foi o domínio vegetal mais atingido.
Cerca de 6,7 milhões de hectares de florestas queimaram no bioma Amazônia no período de janeiro a outubro, 64% em áreas de vegetação nativa.
O estudo do ISA revelou que os dez municípios mais desmatados lideraram a quantidade de queimadas, indicando uma forte correlação entre os incêndios e o desmatamento.
As Terras Indígenas apresentaram altos índices de queimadas desde o início de 2024, com 22.135 focos de calor, 12,8% de todos os 172.815 focos registrados no Brasil até o dia 11/09.
Em 2024, as queimadas afetaram a vida e a saúde de milhares de pessoas no Brasil, com reflexos intensos também em vários paises mais ao sul do continente, com a fumaça expandindo sua trajetória até para o sul do continente africano.
Os incêndios florestais constituem uma significativa contribuição nos cálculos da emissões de gases de efeito estufa, que têm grande relevância nas alterações climáticas.
A degradação das florestas de sub-bosque é preocupante. A regeneração da floresta como um todo depende a longo prazo da integridade da vegetação abaixo do topo das árvores maiores de grande porte. A floresta do futuro está ameaçada.
Bibliografia
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Foto: Queimadas na Amazonia – Foto Nilmar Lage -Greenpeace – por Imazom. Disponível em: https://imazon.org.br/imprensa/desmatamento-e-degradacao-na-amazonia-aumentam-pelo-terceiro-mes-consecutivo/.
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