Em novembro de 2025, será realizada no Brasil a 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima – COP 30.

O evento acontecerá em Belém, Pará, e receberá representantes de diversas nações de todo o mundo.

A comunidade científica está atenta. Os objetivos são claros e ambiciosos.

Envolvem, além de deter o desmatamento, rápidas e claras ações no sentido de eliminação, ou ao menos, drástica redução da queima de combustíveis fósseis com substituição da matriz energética por soluções mais limpas e sustentáveis.

A expectativa é que a COP 30 “seja eficaz em levar o mundo a reverter seu curso desastroso em direção a um ponto de inflexão climático”, pontuou em editorial, publicado em 20 de março de 2025, a renomada Revista Science.

O editorial traz ainda ao debate uma importante e dura realidade. “Como anfitrião da conferência, o Brasil não está liderando pelo exemplo” – diz a Science.

A revista alerta também que “é importante que reunião seja usada não apenas para chegar a um acordo sobre novas medidas globais para combater as mudanças climáticas, mas também para incentivar o país anfitrião a mudar as práticas atuais”.

Entre as preocupações importantes da comunidade científica estão o desmatamento da floresta para abertura de estradas pelo governo, o avanço ainda maior das fronteiras agrícolas sobre as áreas protegidas, as ocupações ilegais, a possível exploração de petróleo e gás na floresta e na foz do Rio Amazonas.

Em 2021, a Agência Internacional de Energia, através de um relatório, exortou os países a não abrir novos campos de gás ou petróleo no mundo.

A agência orientou aida que a exploração seja restringinda à extração em campos existentes e mesmo assim, com a redução de suas taxas de extração a zero até 2050.

Cientistas têm alertado que se o aumento das temperaturas globais escapar do controle, o Brasil sofreria impactos catastróficos.

Secas severas, assolariam as atividades agropastoris do nosso país, as enchentes como as de 2024 no Rio Grande do Sul se tornariam comuns, as grandes cidades enfrentariam escassez hídrica sem precedentes, possíveis alterações na reciclagem de água pela floresta amazônica, afetaria em várias partes do país o regime de chuvas, que é regulado pelo transporte do vapor d’ água pelos ventos através do fenômeno dos Rios Voadores. O semi árido brasileiro poderia se tornar um deserto e as cidades costeiras seriam expostas a intensas tempestades e ao aumento crítico do nível do mar.

Com o título “COP 30: Brazilian policies must change”, (COP 30: as políticas brasileiras devem mudar – traduzido para o Português), o editorial assevera que a existência da própria floresta amazônica poderia ser ameaçada se as políticas do Governo Brasileiro não se ajustarem aos objetivos da COP 30.

Inclusive deixando de ser um dos impulsionadores do desmatamento através dos seus Ministérios, dos Transportes, com obras de estradas no meio da floresta; da Agricultura, subsidiando a substituição de pastagens por cultivo de soja; e operador direto da extração de combustiveis fósseis no meio da floresta, por meio do Ministério e Minas e Energia,

A Science enfatizou que “(…), praticamente todos os poderes do governo do país estão promovendo atividades que aumentam as emissões de gases de efeito estufa” – Pontuou o Editorial.

“Sediar a COP 30 em Belém chamou a atenção global para um país de vasta complexidade ecológica – de florestas tropicais a savanas, pântanos e planícies.” diz ainda a introdução do Corolário sobre o editorial ao final do mesmo, assinado pelo Biólogo da Conservação Marcelo Gonçalves de Lima, o qual também recomendamos ler na íntegra.

Para o Biólogo as críticas que destacam o Brasil como excepcionalmente deficiente em termos ambientais, são simplistas, se levarmos em consideração todo o contexto da realidade brasileira mesmo diante de possíveis contradições e também em face de suas necessidades de desenvolvimento, realçando que, sob a ótica da inadequação ambiental, para os objetivos da COP 30, o fracasso é global e não exclusivamente brasileiro.

“Estratégias construtivas e sensíveis ao contexto – baseadas em evidências científicas rigorosas – são essenciais para conciliar o crescimento econômico com a conservação do inestimável patrimônio natural do Brasil.” – destacou Lima.

Finalmente, para que o Brasil possa desempenhar um possível papel central na prevenção de pontos de inflexão planetários, como a comunidade internacional parece esperar, ela também deve apoiar o desenvolvimento sustentável do país, por meio de políticas integradoras e mecanismos de financiamento substanciais.

Bibliografia

FEARNSIDE, Filipe M & FILHO, Walter Leal. COP 30: Brazilian policies must change. Editorial – Revista Science [S.I]. Washington, DC, Março de 2025. Disponível em: https://www.science.org/doi/10.1126/science.adu9113. Acesso em 10/04/2025 às !4:00 h.

BIERNATH, André. COP 30: as duras críticas às políticas ambientais do Brasil publicadas em importante jornal científico. BBC News Brasil [S.I]. Londres, UK, março de 2025. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/articles/cx2x13zv0ejo. Acesso em 10/04/2025 às !4:00 h.

Imagem da Capa – Rã em árvore na Amazônia – Foto de Gabriel Rondina – pexels.com – Disponíbel em: https://www.pexels.com/pt-br/foto/ra-arvore-amazonica-colorida-em-galho-29506275/ 

Imagem do texto – Araçari – Amazônia – Foto de Joel  Alencar – pexels.com – Disponível em : https://www.pexels.com/pt-br/foto/29748057/

Imagem do texto – Floresta Amazônica – Foto de Turiano L P Neto – pixabay.com – Disponível em: https://pixabay.com/photos/amazon-forest-nature-trees-outdoor-4769367/