23.9 C
Betim
quinta-feira, 21 novembro 2024

Eras Geológicas, uma visão geral

A história da formação da Terra até os dias atuais é muito antiga. A existência do planeta data de aproximadamente 4,6 bilhões de anos.

Desde os momentos mais cruciais de sua formação, muita coisa já aconteceu nesse pequeno mundo do Sistema Solar, o terceiro a partir do Sol.

Para descrever os diversos momentos que se sucederam no planeta desde o seu surgimento, convencionou-se dividir a sua história em uma escala de tempo diferente da que nós usamos normalmente.

O TEMPO GEOLÓGICO é a divisão do tempo de existência da Terra em longos intervalos, marcados pela ocorrência de eventos que foram importantes durante a evolução do nosso mundo.

PUBLICIDADE


A escala do tempo geológico foi assim dividida em ÉONS, o ÉON ARQUEANO, o ÉON PROTEROZÓICO e o ÉON FANEROZÓICO. Os éons foram subdivididos em ERAS, as eras em PERÍODOS, alguns períodos foram divididos em ÉPOCAS e algumas destas últimas em IDADES.

O éon Arqueano e o éon Proterozóico compreendem o período PRÉ CAMBRIANO. Esse período já foi considerado uma das eras do tempo geológico. O Pré Cambriano compreende o intervalo de tempo desde a formação da Terra há 4,6 bilhões de anos até 542 milhões de anos atrás.

Em seguida tem início o éon Fanerozóico, que compreende o intervalo desde 542 milhões de anos atrás até os dias atuais.

O éon Fanerozóico é dividido em três eras, a ERA PALEOZÓICA, a ERA MESOZÓICA e a ERA CENOZÓICA.

A era Paleozóica possui seis períodos, CAMBRIANO, ORDOVICIANO, SILURIANO, DEVONIANO, CARBONÍFERO E PERMIANO.

A era Mesozóica compreende três períodos, o TRIÁSSICO, o JURÁSSICO e o CRETÁCEO.

Por fim, a era Cenozóica engloba os períodos TERCIÁRIO e QUATERNÁRIO correspondendo à fase mais recente da história da Terra.

Depois de sua formação inicial, a Terra segundo alguns autores passou antes do Arqueano por uma fase de sua história chamada de Hadeano.

O HADEANO se caracterizou por ter sido um momento extremamente caótico, onde a Terra primitiva ainda era intensamente bombardeada por inumeráveis corpos celestes vindos do espaço.

Este material proporcionava a liberação de intensas quantidades de energia e calor, ao mesmo tempo que completava a conformação do planeta pela ACREÇÃO de asteróides, meteoros e meteoritos em grande quantidade, atraídos para a sua superfície e integrando-se à sua massa.

A Terra era então uma massa de material pastoso composto por rochas e metais diversos em fusão, dai o nome Hadeano em referência a HADES que quer dizer inferno.

AS ORIGENS

Segundo o cientista Russo Alexander Ivanovich OPARIN e o cientista Inglês John ALDANE, a vida surgiu no Arqueano há 3,5 bilhões de anos. Nessa época a crosta da Terra já tinha se resfriado, se enrugado e se consolidado.

Intensas atividades vulcânicas jogavam na atmosfera em formação, gigantescas quantidades de gases, vapor d’água e poeira, que proporcionaram chuvas torrenciais, que formaram os oceanos e mares primitivos.

As chuvas além de consolidar o resfriamento da superfície, desagregava e expunha minerais e elementos químicos os mais diversos.

A atmosfera era formada por metano (CH4), amônia (NH3), água (H2O) e hidrogênio (H2).

Intensas descargas elétricas varriam o globo terrestre o que segundo alguns teóricos (OPARIN e ALDANE), contribuíram para desencadear inúmeras reações químicas entre os elementos da atmosfera, os minerais da superfície dissolvidos pelo intemperismo e possivelmente moléculas orgânicas trazidas pelos meteoros.

Essas reações (EVOLUÇÃO BIOQUÍMICA) fizeram surgir os primeiros aminoácidos, moléculas de ácidos graxos e nucleotídeos, o que o cientista americano Stanley Miller conseguiu reproduzir em laboratório em 1953.

No oceano primitivo, aminoácidos se polimerizaram formando as primeiras cadeias polipeptidicas que, envoltas por moléculas de água e talvez alguns lipídeos, formaram estruturas coloidais fazendo surgir os COACERVADOS, sistemas fechados mas com certa permeabilidade, que permitiam reações químicas internas e trocas de substâncias entre o exterior e o interior.

Por algum processo, os coacervados ou MICROSFERAS PROTENÓIDES, conforme verificado num experimento feito pelo americano Sidney Fox em 1957, adquiriram capacidade catalítica, sem entretanto, conterem enzimas verdadeiras e nem serem seres vivos.

Então surgem os primeiros seres vivos procariontes parecidos com bactérias no momento em que essas moléculas primitivas adquiriram ou sintetizaram os primeiros ácidos nucléicos e obtiveram a capacidade de se replicar e metabolizar nutrientes retirados de compostos orgânicos do meio de forma anaeróbica, por fermentação (hipótese heterotrófica) ou por quimiossíntese (hipótese autotrófica).

No final do Arqueano também surgiram os primeiros seres unicelulares autotróficos fotossintetizantes, (Cianobactérias), que começaram por modificar a atmosfera da Terra, adicionando à ela Oxigênio livre, até então inexistente e retirando gás carbônico, o que favoreceu também o surgimento da camada de Ozônio (O3), diminuindo o elevado efeito estufa, responsável pelas temperaturas escaldantes então existentes e filtrando os raios ultravioleta.

Isso favoreceu, modificações climáticas e a proteção da superfície contra radiações ionizantes deletérias, tornando possível o surgimento e a instalação de vida mais complexa posteriormente.

Tudo isso teria acontecido no éon Arqueano entre 4,6 bilhões de anos e 2,5 bilhões de anos atrás.

O éon Proterozóico se seguiu ao anterior transcorrendo entre 2,5 bilhões de anos e 542 milhões de anos atrás e foi marcado pela continuidade do processo de evolução do planeta e da vida primitiva já instalada.

A modificação da atmosfera com adição de mais oxigênio e retirada de gás carbônico continuou se processando, à medida que os procariotos fotossintetizantes foram se especializando e também a camada de ozônio foi consolidada.

A crosta terrestre se fratura e surgem as PLACAS TECTÔNICAS. Formam-se as primeiras montanhas, e também os mares por acúmulo de água carregada com sais e minerais diversos carreados pelas chuvas torrenciais para as depressões e vales.

A vida prossegue evoluindo em complexidade com o surgimento das membranas celulares, tornando possível a compartimentação e a especialização dos processos bioquímicos no interior das células.

Estruturas celulares tornam-se capazes de atividades mais complexas, interagindo umas com as outras, associando-se e cooperando em tarefas mais elaboradas.

O material genético é envolto por uma carioteca. Surgem os eucariotos unicelulares.

Daí em diante, houve posteriormente, um processo de ENDOSSIMBIOSE, com os eucariotos unicelulares englobando bactérias parecidas com mitocôndrias com mútuos benefícios, possibilitando uma vantagem metabólica, com capacidade de degradação aeróbica de moléculas orgânicas, adquirindo assim, um rendimento energético mais elevado com a síntese de ATP.

O mesmo evento endossimbiótico aconteceu com o englobamento de cianobactérias parecidas com cloroplastos, por outros eucariotos unicelulares, capacitando-os para a realização da fotossíntese.

Vestígios de organismos eucariotos multicelulares parecidos com cnidários, esponjas, braquiópdes e vermes foram encontrados em rochas datadas do Proterozóico, indicando o seu surgimento nesse éon. Surgem as clorofíceas.

A VIDA EXPLODE NO PLANETA

O éon atual o Fanerozóico, se inicia trazendo uma explosão de biodiversidade no período Cambriano da era Paleozóica.

O período Cambriano começa há 542 milhões de anos atrás com uma incrível diversificação de eucariotos unicelulares fotossintetizantes (ALGAS), o surgimento de vertebrados aquáticos sem mandíbulas e segundo alguns autores a diversificação de invertebrados aquáticos, que teriam aparecido no finalzinho do éon anterior o proterozóico.

Os trilobitas surgem nesse período há aproximadamente 600 milhões de anos e abundam os mares primitivos de todo o planeta.

O período Ordoviciano tem início há 495 milhões de anos, e é marcado principalmente pelo surgimento dos primeiros vertebrados aquáticos mandibulados, os peixes. As algas rodofíceas também são desse período.

Também no início do Ordoviciano, talvez um pouco antes, surgem os gastrópodes, os cefalópodes e os crustáceos. Os trilobitas se desenvolvem. Em meados do Ordoviciano surgem as estrelas do mar, invertebrados da classe Asteroidea, do grupo dos equinodermos. Outros organismos desse mesmo filo, também surgem nesse período.

Os eventos mais marcantes do período seguinte o Siluriano iniciado há 443 milhões de anos foram o surgimento das primeiras plantas terrestres, as briófitas e das primeiras plantas vasculares, as pteridófitas. Entretanto, ambas ainda dependem da água para reprodução. As algas rodofíceas continuam seu desenvolvimento nesse período. Surgem os bivalves.

O período Devoniano iniciado há 417 milhões de anos tem como evento chave o surgimento das gimnospermas, as primeiras plantas com sementes, dos invertebrados terrestres representado pelos primeiros artrópodes, e dos vertebrados terrestres representado pelos anfíbios. As algas feofíceas surgem no final do devoniano e início do carbonífero.

No período Carbonífero, iniciado há 354 milhões de anos surgem os primeiros répteis. Prossegue o desenvolvimento das feofíceas e outros protistas.

O período Permiano começa há 290 milhões de anos e é o último período da era Paleozóica. Os amniotas diapsidas, precursores dos dinossauros surgem nesse período.

OS DINOSSAUROS DOMINAM

A era Mezozóica começa com o período Triássico há 245 Milhões de anos atrás período que é marcado pelo surgimento dos primeiros mamíferos.

Nesse período há 225 milhões de anos, todas as massas de terra da crosta estavam reunidos em um único supercontinente, PANGEA. Havia um único mar, o Mar de Tethys. Os dinossauros dominam a Terra no final do período.

O período Jurásico tem início há 206 milhões de anos, com uma intensa proliferação dos dinossauros, momento em que esses animais atingem o seu apogeu que vai prevalecer até a sua extinção no final do cretáceo.

No Jurássico surgem também as aves. Surgem as diatomáceas e os dinoflagelados.

Também no Jurássico o supercontinente Pangea se fragmenta em dois outros, LAURÁSIA e GONDWANA. Começa a DERIVA CONTINENTAL, pelo movimento das placas tectônicas. Surge o primitivo Oceano Atlântico.

A fragmentação de Laurásia dará origem à América do Norte, Europa e norte da Ásia. Gondwana dará surgimento aos territórios que hoje compreendem a América do Sul, África, Austrália, Índia e Antártida.

A fragmentação de Pangea, provocou inumeráveis casos de isolamento geográfico que levou a processos de especiação e o surgimento de novas espécies.

Crocodilos, tubarões, quelônios, insetos e pequenos mamíferos prosperaram nesse período.

O período Cretáceo vai de 142 milhões de anos até 65 milhões de anos. Nesse período surgem as angiospermas.

Os insetos sociais, abelhas, cupins e formigas se diversificam intensamente durante esse período.

No final desse período ocorre uma das mais dramáticas extinções vividas pelo planeta com o desaparecimento dos dinossauros.

Também no final do Cretáceo a Deriva Continental já atingiu uma grande evolução, com os continentes já tendo assumido praticamente a conformação e a posição em que se encontram atualmente.

Mas a Índia estava ainda mais próxima de Madagascar e da África e a Austrália ainda estava unida à Antártida.

O fim do período também possivelmente foi marcado por imensos maremotos e espetaculares atividades vulcânicas, por causa do intenso tectonismo.

TEMPOS RECENTES

A era Cenozóica começa com o período Terciário há 65 milhões de anos com uma grande diversificação dos mamíferos, das aves e das angiospermas. A deriva continental continua seus curso.

O período Terciário atualmente é dividido em Paleogeno e Neogeno. O Paleogeno é subdividido em três épocas, Paleoceno, Eoceno e Oligoceno. O Neogeno é subdividido em duas épocas, Mioceno e Plioceno.

A Ordem dos Primatas da qual o ser humano faz parte, teria se iniciado com o surgimento dos Plesiadapiformes, mamíferos insetívoros que apareceram no início do Terciário.

Os primeiros hominídeos talvez tenham surgido no NEOGENO há cerca 15 milhões de anos tendo o gênero HOMO evoluído há cerca de 7 milhões de anos atrás no continente africano.

De lá para cá, muitas espécies floresceram e foram extintas, tendo o Homo sapiens instalado o seu domínio no planeta ocupando praticamente todos os ambientes da superfície da Terra.

O período seguinte é o Quaternário que começou há 1,8 milhões de anos atrás e é marcado pela expansão dos hominídeos.

Nesse período surgem também os Tigres-dente-de-Sabre, os Mamutes e os Mastodontes.

O período Quaternário é dividido hoje em dia em duas épocas, Pleistoceno e Holoceno.

Durante a era Cenozóica, ocorrem períodos de glaciação e a formação das calotas polares.

Atualmente, a comunidade científica está discutindo sobre o começo de uma nova época do tempo geológico, o Antropoceno que teria se iniciado talvez a partir da Revolução Industrial, momento em que as atividades humanas passaram a modificar dramaticamente os processos biológicos e climáticos do planeta.

O Antropoceno seria a época do homem moderno, uma época em que a espécie humana teria deflagrado uma sexta extinção em massa que estaria já em curso, com graves e sinistros prognósticos para toda a biosfera, o que requer da humanidade reflexão e tomada de atitudes drásticas para modificar esse quadro.

Bibliografia

http://www.rc.unesp.br/museupaleonto/precambriano.htm

http://www.cprm.gov.br/

http://www.avph.com.br/eras.htm

http://www.planetabio.com/tempo.html

ONDE PESQUISAMOS – Clique e saiba. Todos os direitos reservados – © Copyright 2015/2019 – Biota do Futuro.

* Este conteúdo pode ser aprimorado conforme novas informações, novas evidências, novos conhecimentos, em acordo com o progresso da ciência. *
* Encontrou algum equívoco? Reporte-nos! *


Picture of Jefferson Alvarenga

Jefferson Alvarenga

Jefferson Alvarenga é criador e editor do Site Biota do Futuro. Biólogo, Pós Graduado em Gestão da Saúde Ambiental e em Imunologia e Microbiologia. Apaixonado por educação, pesquisa e por divulgação científica.
Como citar este conteúdo: ALVARENGA, Jefferson. Eras Geológicas, uma visão geral. Biota do Futuro [S.I]. Betim, Minas Gerais, 21 de junho de 2018. Notícias. Disponível em https://www.biotadofuturo.com.br/eras-geologicas-uma-visao-geral/. Acesso em: 21/11/2024.

3 COMENTÁRIOS

    • Oi Carlos, no texto nos referimos aos organismos da classe asteroidea, do grupo dos equinodermos. Ou seja estrelas do mar. Com o seu comentário, entendemos que o texto ficou um pouco confuso e editamos a publicação. Obrigado por nos reportar sua dúvida! grande abraço!

Deixe um comentário

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

News Letter
Inscreva-se e receba nossas atualizações