Ave rara no Brasil, a arara-azul (Anodorhynchus hyacinthinus), habita uma variedade de biomas neotropicais da América do sul. Ela é encontrada no cerrado, no pantanal, em áreas de florestas úmidas como a amazônia e até na caatinga.
É a maior espécie entre todos os integrantes da família Psittacidae, podendo chegar a 1 metro de comprimento e pesar de 1,3 kg a 1,7 kg.
Pesquisa realizada pelo Instituto de Biociências da USP de São Paulo, aponta que existem três ou quatro populações distintas de araras-azuis no território brasileiro, conforme indicou cada uma das técnicas utilizadas para o estudo, envolvendo análise de material genético das aves.
Para o estudo de caracterização da diversidade genética e do grau de parentesco das araras-azuis do Brasil, foram realizados dois tipos de análise de DNA, a análise mitocondrial que envolve genes herdados da mãe, e a abordagem nuclear envolvendo microssatélites.
A análise mitocondrial evidenciou a existência de três grupos populacionais. O pantanal é o habitat de dois grupos, um deles ao norte do bioma e o outro mais ao sul. O terceiro grupo vive na região norte do Brasil, ao sul do rio Amazonas, especialmente no Pará, mas também no Tocantins e na região nordeste, no Piaui, Maranhão e Bahia.
Entretanto a análise nuclear de microssatélites apontou a existência de quatro grupos, um no Pantanal norte, um no Pantanal sul, um na região norte e um na região nordeste do país separadamente.
Segundo Flávia Torres Presti, pesquisadora do Instituto de Biociências da USP, que conduziu o estudo, “A existência dessas populações aumenta as chances de sobrevivência da espécie. Se todas fossem geneticamente iguais e ocorresse algum tipo de mudança ambiental ou doença, todos os grupos poderiam se extinguir rapidamente devido a pouca variabilidade genética.”
Essas aves são altamente sociáveis, vivem em grupos familiares e são também territorialistas, ou seja, possuem hábitos com tendência a uma fixação aos locais de alimentação e reprodução.
Apesar de possuírem diversas características semelhantes, as araras-azuis de cada grupo desenvolveram hábitos alimentares diferentes em função do diferentes habitats onde são encontradas.
Elas evoluíram geneticamente de forma distinta por causa do isolamento geográfico que impede o acasalamento dos grupos entre si. Isso implica em certos traços de variabilidade que caracterizam cada grupo em particular.
O mapeamento dos diferentes grupos é altamente relevante para a proteção da espécie, que ainda se encontra ameaçada de extinção. O tráfico ilegal, a perda de habitats, a fragmentação dos corredores de biodiversidade, o desmatamento, as queimadas, e outras atividades antrópicas são as principais causas de ameaça à existência dessas aves raríssimas na natureza.
Os principais itens da dieta das araras-azuis da região amazônica, são os frutos do inajá, do babaçu, do tucum e da gueroba. No pantanal os frutos da bocaiuva também chamada macaúba e do acuri, compôem a sua preferência, além de frutos do bacuri. No Nordeste elas forrageiam principalmente frutos da piaçava e do catolé.
Exceto o bacuri, todas as demais plantas descritas que fornecem os frutos integrantes da alimentação das araras-azuis são palmeiras, algumas endêmicas de algumas regiões ou biomas do Brasil.
As araras-azuis possuem uma plumagem característica na cor azul-cobalto formando tons em degradê da cabeça para a cauda. A parte inferior das penas das asas e da cauda é preta. A língua é preta, espessa, com uma faixa amarela nas laterais. Possuem ainda um anel perioftálmico em amarelo intenso ao redor dos olhos. O Bico é preto e curvo, também com um detalhe amarelo na parte posterior da peça inferior.
Essas aves fazem seus ninhos em locais de difícil acesso, como o interior de buracos ocos das ávores a um altura de 20 a 25 metros ou em paredões rochosos. O índice de monogamia entre os casais é de 81%. A procriação ocorre uma vez ao ano com a geração de 1 ou 2 filhotes, que permanecem até três meses no ninho. Os filhotes ficam dependentes dos pais para se alimentarem até os 12 ou 18 meses, quando então se emancipam.
Lembrando que a arara-azul (Anodorhynchus hyacinthinus) e a ararinha-azul (Cyanopsitta spixii) são espécies diferentes. Embora pertencentes à mesma família, Psittacidae, elas pertencem a gêneros diferentes. A arara-azul pertence ao gênero Anodorhynchus e a ararinha-azul pertence ao gênero Cyanopsitta.
A ararinha-azul é uma espécie menor, com plumagem azul mais clara e uniforme, criticamente ameaçada de extinção. Foi declarada extinta na natureza. Os indivíduos remanescentes, estão em cativeiro e podem integrar projetos de reintrodução na natureza em processos sob monitoramento rigido, na tentativa de salvá-las. A ararinha-azul habitava matas de galeria na Bahia ao sul do rio São Francisco.
A arara-azul ou arara-azul grande é a maior espécie de todos os integrantes da família Psittacidae que engloba além das araras, os papagaios, os periquitos, os maracanãs, as jandaias e os apuins. A arara-azul está classificada como vulnerável em relação ao risco de extinção.
Bibliografia
DIAS, Valéria. Arara-azul tem pelo menos três grupos distintos no Brasil. Universidade de São Paulo – Agência USP [S.I]. São Paulo, Novembro de 2011. Disponível em: https://www5.usp.br/noticias/pesquisa-noticias/arara-azul-tem-pelo-menos-tres-grupos-distintos-no-brasil/. Acesso em 21/09/2024 às 9:15 h.
Redação. Arara-azul: descubra os três grupos geneticamente distintos da ave símbolo do Brasil. National Geografhic Brasil – Animais [S.I]. Brasil, Setembro 2024. Disponível em: https://www.nationalgeographicbrasil.com/animais/2024/09/arara-azul-descubra-os-tres-grupos-geneticamente-distintos-da-ave-simbolo-do-brasil. Acesso em 21/09/2024 às 9:55 h.
FERRAZ, Aléxia e FIGUEIRÔA, Gustavo. Arara-azul: biologia e ameaças. Instituto Arara Azul [S.I]. Campo Grande, MS, BR. Disponível em: https://www.institutoararaazul.org.br/arara-azul-biologia-e-ameacas/. Acesso em 21/09/2024 às 10:55 h.
Foto da capa: arara-azul – Rodrigo Mexas – Fiocruz
Foto do interna 1: Arara- Azul Foto Fernanda Fontoura Instituto Arara Azul. Disponível em: https://www.institutoararaazul.org.br/wp-content/uploads/2022/07/2.png
Foto interna 2: Rodrigo Mexas – Fiocruz
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