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quinta-feira, 21 novembro 2024

Espécies invasoras causam desequilíbrio ambiental

Espécies invasoras são quaisquer organismos da natureza, que passam a viver em um local geográfico diferente do se habitat natural, causando impactos com desequilibrio ecológico e prejuízos ambientais, não só para as espécies selvagens locais, como também para a espécie humana e suas atividades de produção, como a agricultura e a pecuária por exemplo.

Recetemente, um estudo da Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos apontou prejuízos da ordem de de R$ 2,1 trilhões em todo o mundo causados pela ação de espécies invasoras.

A coisa é muito séria, uma vez que se sabe também que as espécies invasoras são enormemente incriminadas como responsáveis pela perda da biodiversidade em diversos ecosssistemas no planeta.

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A questão envolve na maioria das vezes a ação humana direta, com a captura, transporte, criação e até o comércio destas espécies, para fins diversos, como pesquisa, alimentação na forma de iguarias exóticas, produção de compostos para a indústria em geral, inclusive a farmacêutica, recreação e até zoológicos particulares.

Mas o problema também pode ser relacionado indiretamente à ação humana como o desenvolvimento do turismo e dos transportes, que facilitaram sobremaneira interações humanas de forma global, permitindo que muitas vezes organismos sejam levados acidentalmente do seu local de origem para outro de forma acidental.

O problema é quando por algum motivo se perde o controle e os animais, plantas e outros organismos invadem a natureza, se multiplicando desordenadamente e interferindo com as espécies nativas causando prejuízos a estas.

As espécies invasoras, na maioria das vezes, não encontram predadores nos locais onde se tornam intrusas. Ao mesmo tempo, competem com as espécies locais por comida, espaço e abrigo, alterando a cadeia alimentar e o equilíbrio ecológico.

Os impactos decorrentes da invasão vão desde extinções de populações inteiras de espécies nativas pela competição como já foi explicitado, até a predação, a transmissão de doenças, o que pode provocar a redução da biodiversidade de determinada região, podendo afetar a saúde e a economia humana e levar até a extição de espécies.

“As espécies invasoras influenciaram 60% e foram a maior causa de 16% das extinções globais de animais e plantas que registramos”, informou Aníbal Pauchard, Professor da Universidade de Concepción, no Chile, que participou da elaboração do relatório da Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos.

Produzido ao longo de 4 anos por 86 cientistas de 49 países, o estudo indicou que, mais de 37 mil espécies foram introduzidas em todo o planeta em ambientes que não eram seus habitats naturais.

Desse número, 3500 espécies são nocivas diretamente para a espécie humana. Entre as espécies invasoras, 2300 foram registradas em terras indígenas, o que ameaça sobremaneira o próprio ecossistema onde as comunidades dos povos originais vivem socialmente.

Outro problema, doenças como a malária, a zika, a febre amarela, a dengue, e a leismaniose entre outras, também costumam ser transmitidas por espécies invasoras, que podem funcionar tanto como vetores como reservatório de patógenos.

As espécies invasoras podem afetar até mesmo a resistência ambiental local, um fator ecológico que controla naturalmente os microorganismos que podem ser os agentes etiológicos, ou seja os causadores de moléstias para os seres humanos e animais, bem como causar o descontrole de pragas que danificam as plantações trazendo prejuízos para a segurança alimentar a nível local e até global.

“Espécies invasoras muitas vezes são ignoradas até que seja tarde demais, são um grande desafio em todos os países”, afirma nota da IPBES assinada pela pesquisadora Helen Roy, do Centro de Ecologia e Hidrologia do Reino Unido.

O Brasil lida com o problema das espécies invasoras desde a chegada dos europeus. Mais atualmente alguns casos têm se tornado críticos como o caramujo gigante africano, o javali, o coral sol e o mexilhão dourado que são originários de fora.

Mas o sagui, que é daqui mesmo, natural das regiões norte, nordeste e sudeste, acabou sendo introduzido nas regiões sul e centro oeste por meio do comércio e do tráfico doméstico de animais silvestres.

O coral sol é nativo do oceano índico e do oceano pacífico. Esse coral, domina os ambientes que invade e mata as outras espécies do corais. Seu primeiro registro no Brasil, data de 1951, podendo ter chegado aqui grudado nos cascos dos navios.

O javali é proveniente da Europa, África e Ásia. É considerado como uma das 100 piores espécies invasoras do mundo por serem muito agressivos e se adaptarem facilmente a qualquer ambiente. Foi introduzido na região sul do Brasil para fins de criação e abate. O controle do seu manejo se perdeu e se tornou um sério problema na região.

O Lissachatina fulica é o nome científico do popularmente conhecido caramujo gigante africano, uma das espécies invasoras que mais causam prejuízos às lavouras do nosso país. Oriundo do nordeste da África, chegou aqui em 1983, por meio de criadores com interesses comerciais em produzir iguarias para pratos exóticos. Além de danificar plantações é também vetor de doenças.

O mexilhão dourado teria chegado ao Brasil nas águas do lastro de navios cargueiros de forma acidental tendo invadido algumas partes do nosso litoral, afetando a fauna marinha nestes locais. É natural da Ásia.

Estes são apenas alguns exemplos de espécies invasoras no Brasil que têm causado sérios prejuízos aos nossos ecossistemas locais e às comunidades humanas no entorno de sua área de abrangência.

A Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos, conhecida como IPBES (em inglês, International Platform on Biodiversity and Ecosystem Services), foi criada em abril de 2012 com o objetivo de informar os governos sobre o estado da biodiversidade, ecossistemas e serviços prestados, reforçando a interface ciência/política.

Referências Bibliograficas:

SOARES, Ana Paula. Relatório do IPBES avalia biodiversidade e serviços ecossistêmicos para as américas. CCST – INPE [S.I]. São Paulo, 2019. Acesso em 13/12/2023.

SANZ, Raphael. Veja cinco espécies de animais invasores que causam desequilíbrio ambiental no Brasil. Revista Forum [S.I]. Publisher Brasil Editora. Porto Alegre, 2023. Acesso em 13/12/2023.

BPBES. Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos [S.I]. Campinas, 2019. Acesso em 13/12/2019.

IPBES. Plataforma Intergovernamental de Políticas Científicas sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos [S.I]. Bonn – Alemanha, 2023. Acesso em 13/12/2023

Imagem: Javali Selvagem – Paul Henri Degrande – Pixabay 

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Jefferson Alvarenga

Jefferson Alvarenga é criador e editor do Site Biota do Futuro. Biólogo, Pós Graduado em Gestão da Saúde Ambiental e em Imunologia e Microbiologia. Apaixonado por educação, pesquisa e por divulgação científica.
Como citar este conteúdo: ALVARENGA, Jefferson. Espécies invasoras causam desequilíbrio ambiental. Biota do Futuro [S.I]. Betim, Minas Gerais, 13 de dezembro de 2023. Notícias. Disponível em https://www.biotadofuturo.com.br/especies-invasoras-causam-desequilibrio-ambiental/. Acesso em: 21/11/2024.

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