Você já viu aquelas gotinhas de água que aparecem na superfície e nas bordas das folhas de muitas plantas pela manhã?
Não podemos confundir essas gotinhas de água com o ORVALHO, que é um fenômeno climático resultante da condensação de água presente no ar atmosférico.
Trata-se de um processo biológico chamado GUTAÇÃO, uma atividade originada no interior das folhas como auxiliar no processo de TRANSPIRAÇÃO.
A transpiração é a perda de água em forma de VAPOR através dos estômatos, estruturas especializadas, responsáveis pelas trocas gasosas entre a planta e o meio ambiente.
As plantas precisam transpirar para manter o seu equilíbrio hídrico interno e no PERÍODO NOTURNO principalmente, a transpiração é baixa. Entretanto a planta continua absorvendo água pelas raízes e o excesso precisa ser eliminado.
Como isso ocorre? Quando a transpiração é baixa, íons são secretados para dentro do XILEMA, vasos condutores de seiva bruta das raízes para o corpo da planta. Um gradiente de potencial hídrico é gerado.
Vamos explicar. A endoderme do xilema da raiz impede o refluxo destes íons para fora dele, o que faz com que o potencial hídrico fique mais negativo em seu interior fazendo a água das células que o rodeiam fluir para ele por OSMOSE.
Com isso ocorre uma pressão positiva, denominada PRESSÃO DE RAIZ que força a água a se movimentar pelo xilema, fazendo com que a planta continue absorvendo água, o que faz com que a quantidade de água presente na planta ultrapasse sua capacidade de transpiração no período noturno. Excesso de água em qualquer organismo é prejudicial.
Entra em ação a gutação. A palavra gutação vem do latim gutta, que significa gota ou seja é a formação de gota ou o desprendimento de água em forma de gota.
A gutação é um fenômeno fisiológico onde as plantas exsudam água em estado LÍQUIDO através de estruturas especiais chamadas HIDATÓDIOS, que são estômatos que perderam a capacidade de abertura e fechamento naturais.
A pressão de raiz é um mecanismo indireto que proporciona o movimento da água no sistema caulinar e não é comum a todas as plantas. Coníferas como os pinheiros por exemplo não a desenvolvem.
A água expelida pela planta pela gutação tem composição em sua maior parte de moléculas de água, podendo apresentar também moléculas de açúcar, potássio e outros elementos minerais.
Mas o liquido resultante da gutação pode apresentar também substâncias tóxicas provenientes do uso de pesticidas e herbicidas nas lavouras. Isso tem causado segundo alguns estudos a morte de abelhas e outros insetos que se contaminam ao entrar em contato com as plantas e a água exsudada em suas folhas pela gutação.
Bibliografia
RAVEN, Peter H. ; EVERT, Ray F.; EICHHORN, Susan E. Biologia Vegetal. 7ª ed. Rio de Janeiro. Guanabara koogan S.A, 2007. 830 p.
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