Trata-se da Sanfordiacaulis densifolia, uma planta possivelmente precursora das samambaias modernas plantas pertecentes ao grupo das pteridófitas. O registro fóssil das plantas encontradas pelos cientistas datam do início do Período Carbonífero.
A preservação dos achados é excepcional, incluindo grande parte dos detalhes das folhas e do topo da planta. Os fósseis foram encontrados na região canadense de New Brunswick.
A descrição da nova espécie arbórea foi feita por cientistas liderados por Roberto A. Gastaldo do Departmento de Geologa, do Colby College, Waterville, ME, USA, também vinculado ao Departmento de Paleobiologia, NMNH Smithsonian, Washington, DC, USA.
O parentesco da espécie com outras plantas da época ainda não está elucidado. A inigualável preservação das estruturas vegetais possivelmente remonta ao fato de que as árvores estiveram viscejando à beira de um lago quando terremotos atingiram a região de forma severa e brusca.
A magnitude dos eventos teriam levado a um rápido soterramento que propiciou que o processo de fossilização acontecesse antes do início sua decomposição.
Gastaldo e seus colaboradores inferiram através de evidências que provavelmente a S. densifolia possa ter sido a primeira espécie arbórea conhecida a formar o chamado sub-bosque.
O sub bosque se caracteriza por comunidades vegetais que se desenvolvem numa posição intermediária entre as plantas mais altas e a vegetação rasteira durante o processo de sucessão ecológica.
Suas estranhas folhas talvez estivessem adaptadas a captar luz da forma mais eficiente. Os pesquisadores estimaram que, em vida, a planta talvez media cerca de 3 m de altura e tinha o tronco com espessura máxima de 16 cm de diâmetro. As folhas se espalhavam em uma copa com uma área de pelo menos 5,5 metros de diâmtro em torno do ápice de seu caule.
Nenhuma árvore proveniente daqueles tempos primevos do início do carbonífero chegou tão preservada aos dias atuais através dos registros fósseis como este espécime encontado no Canadá.
A evolução para a arquitetura arbórea em plantas ocorreu no período Devoniano médio com os primeiros registros fósseis (Wattieza/Eospermatopteris) datando de aproximadamente 393–383 Ma.
Árvores lenhosas modernas, tipificadas por Archaeopteris, somente apareçam até cerca de 10 milhões de anos depois.
No Carbonífero sua radiação se propagou e foi crucial para os processos ecológicos de transição da biota vegetal da água para o sistema terrestre.
Os fósseis estudados são provenientes de pesquisas na Pedreira de Sanford, Formação Alberto, da localidade de Sanford Quarry em New Brunswick, ocorrendo em um arenito cinza e siltito.
A sucessão estratigráfica representa a sedimentação em bloco de queda resultante da atividade sísmica catastrófica e repentina em um paleoambiente de lago-rift.
A espessura da camada onde os espécimes estavam inseridos tinha cerca de 1,5 metro. Existiam cinco indivíduos próximos e o que estava mais completo serviu de base para o relatório que foi relatado no artigo publicado na Current Biology.
O bloco escavado com cerca de 2,3 m de comprimento e aproximadamente 2,0 m de largura, está no New Brunswick Museum (NBM), Saint John. Dois modos de preservação fóssil foram verificados, a compressão e moldes vazios preenchidos com lama.
O pós-sepultamento inclui alteração secundária com a cristalização da calcita ao redor da matéria orgânica.
O espécime tem características de tronco monopodal com espessura de aproximadamente 16 cm próximo ao topo e 12 cm em sua base.
As folhas compostas são inseridas em pecíolos basais organizados em espirais comprimidas e partem horizontalmente em ângulo reto em relação ao tronco.
“O fóssil que apresentamos é único, uma forma de experimento evolutivo, que parece ter existido durante muito pouco tempo e representa o florescimento de algo ímpar na história da vida”, revelou Gastaldo pesquisador do Colby College.
Bibliografia
GASTALDO, Roberto A et al. Enigmatic fossil plants with three-dimensional, arborescent-growth architecture from the earliest Carboniferous of New Brunswick, Canada. Currett Biology [S.I]. Filadelfia, EUA, Fevereiro 2024. Disponível em https://www.cell.com/current-biology/fulltext/S0960-9822(24)00011-3#gr6. Acesso 03/05/2024 às 15:55 h.
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Que bacana!Essa descoberta vem somar a tantas plantas que a gente né conhece .parabéns pela matéria!
Bota do futuro está ligado,trazendo novidades sempre.